Você já deve ter ouvido falar e muito sobre o ciclo natural da vida, num contexto mais amplo de nascer, crescer, casar, procriar, envelhecer e morrer. Assim como as pessoas, as empresas passam por um ciclo de vida. Todo empresário deve conseguir entender as fases desse ciclo e os desafios que elas trazem.

Ao estudar sobre diagnóstico para mudanças organizacionais e culturais, me deparei com muito material do Ichak Adizes. Esse é um assunto que gosto muito e por isso compartilho com vocês um pouco das reflexões que escrevi sobre cada fase de forma bem resumida.

Namoro (Courtship) – Organização ainda não cresceu, é apenas uma ideia, que começa a se transformar em um projeto. Muita conversa e ainda pouca ação, é o momento em que o empreendedor vislumbra uma oportunidade e começa a desenhar seu produto ou serviço. O que provoca esse nascimento propriamente dito é o momento em que o empreendedor, assume um compromisso de viabilizar esse projeto, assumindo os riscos da abertura da empresa. 

Infância (Infancy) – O empreendedor deu a cara a tapa, foi lá e abriu o seu negócio. O dinheiro agora é importante para viabilizar o pagamento das contas e a produção do produto ou serviço. Independentemente do que digam, é hora de arregaçar as mangas e fazer acontecer. Com muita flexibilidade e controle absoluto aja, pois, o capital de giro está sendo absolvido nessa fase.

Como uma criança que requer muita atenção ao nascer, sua empresa exige muita atenção, pois é altamente vulnerável, seja persistente. As decisões deverão ser tomadas de forma rápida para manter todos na ativa. Com muitas tarefas pela frente, não há muito o que pensar, por isso o namoro bem planejado faz a diferença. Uma organização só deixa de ser criança quando o caixa e as atividades começam a estabilizar. Aí vem a próxima etapa.

Toca-Toca (Go-Go)- Momento de ver a ideia em funcionamento, com o fluxo de caixa empatado e as vendas crescendo. Mantenha o foco, pois as oportunidades de diversificar podem surgir. Ao ter um plano bem estruturado com metas e objetivos claros, você começa a estudar e acompanhar mais de perto o mercado e as vendas.

Nessa fase a empresa deixa de ser centrada na pessoa do fundador e começa a se institucionalizar com novas contratações e sistematização das tarefas. A partir desse estágio em que a descentralização começa a acontecer e o organograma começa a inchar, entra-se na fase da adolescência.

Adolescência (Adolescence) – Agora estamos no momento de delegar, alguns fundadores passam por uma crise nesse momento em que precisam deixar de controlar tudo o tempo todo. Mas é o momento em que cada um precisa assumir uma posição como especialista e até mesmo se ter uma segunda linha de comando.

Sistemas, processos, normas e políticas precisam de atenção e estruturação. O fundador se vê diante da tarefa de organizar a casa, a diferença que agora não mais de forma solitária. É preciso ter afinidade e entrosamento com seus gestores, para que a comunicação flua rapidamente entre todos.

Plenitude (Prime) – A plenitude é o momento mais sonhado dos empresários que abrem a sua empresa. É quando a organização atinge seu ponto de equilíbrio funcional, os sistemas estão em pleno funcionamento, os funcionários possuem orientação para resultados, o crescimento e a lucratividade aumentam e, novos negócios podem ser gerados. Não necessariamente novas empresas, mas pode ser novas linhas de produtos e serviços por exemplo.

As empresas na fase de plenitude são lucrativas e seu crescimento é sustentável. Elas dominam o que fazem, sabem onde querem chegar e como fazer para alcançar suas metas. Mesmo sem problemas no caixa, é preciso lançar mão da máxima de que custos é como cabelo e unha, deve-se sempre aparar. O maior desafio é manter seu vigor, já que pequenas empresas possuem muita energia para crescer.

Estabilidade (Stable) – Esse é um momento perigoso, em que a acomodação pode se fazer presente entre os gestores. Com as expectativas de crescimento menores, o vislumbre do futuro pode ficar embaçado e a resistência a mudanças começa a crescer. Esse momento pode representar o início do envelhecimento da empresa, apesar de forte não tem mais tanta flexibilidade.

Por isso essa é uma excelente fase para os programas de trainee. Pois a criatividade, inovação e incentivo as mudanças que levaram a empresa a plenitude, pode dar lugar a perda de mercado. Um novo olhar sobre todos os departamentos da empresa abre novas perspectivas de negócios e otimização de processos.

Aristocracia (Aristocracy) – Empresas nesse estágio são formais, com uma estrutura organizacional enorme e cheia de níveis. Com sede própria, tudo é muito organizado. Há manual e procedimentos para todas as coisas que precisam ser feitas e raramente alguém questiona o motivo de tal procedimento.

Por ter dinheiro em abundância, raramente alguém questiona algum investimento em sistemas de controle e instalações. Mas é preciso atenção, pois uma mudança do mercado pode afetar seus lucros, se nada for modificado. Com uma hierarquia consolidada a comunicação muitas das vezes se dá de forma escrita e uma enxurrada de e-mails frequentam as caixas postais de todos. O que gera demora na tratativa de questões simples.

O distanciamento inevitável dos colaboradores, dificulta inclusive as pessoas de assumirem novas oportunidades e desafios. Há um jogo de empurra entre os departamentos e gestores para que um assunto seja tratado.

Burocracia (Bureaucracy) – Destaque para quem causa o problema e não para a busca de soluções. Com muitos conflitos e agendas secretas, cada gestor leva seu dia como que numa batalha, na qual sua estratégia deve ser mantida em segredo. Todos sofrem de amnésia e esqueceram seu propósito como empresa.

O reflexo desses comportamentos é visivelmente percebido nos resultados da empresa, que perde participação no mercado e o clima organizacional deixa a todos doentes. Esse é o momento de deixar correr e morrer como empresa, ou acender a última centelha com uma reestruturação significativa com apoio do conselho administrativo.

E a morte, bem essas vocês ouviram bastante dela no artigo anterior. Ela continua por aí. E você pode evita-la, nos chamem que fazemos seu diagnóstico e iniciamos o tratamento mais adequado para uma vida longe e plena. Dúvidas só escrever.


Renata V. Lopes

Atua há mais de 25 anos na área de Tecnologia da Informação com gerenciamento de projetos e equipes multidisciplinares, em grandes empresas como Grupo Gerdau, Lojas Renner, Hewlett-Packard, Rio2016 e Grupo Guanabara. Master coach, leitora compulsiva, blogueira, apaixonada por redes sociais e estudante em constante desenvolvimento, acredita na cooperação, colaboração e compartilhamento do conhecimento como forma de aprendizado.

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