Já dizia o velho ditado “devagar se vai ao longe”.  Talvez seja uma impressão minha, mas perceberam o ritmo frenético em que tudo acontece hoje em dia? Ou o mundo está girando realmente mais rápido ou eu estou ficando lenta demais para acompanhar. Estou na fase slow motion portanto minha prioridade é relaxar e curtir o dia sem me preocupar com o relógio. Ah! esse velho companheiro, está lá na gaveta da cômoda, aposentado. Não que eu não o ache bacana, mas simplesmente porque amo aquela sensação de não ter horas para nada, mesmo quando tenho uma agenda lotada.

Um almoço demorado me agrada mais do que fast food (aliás eu nunca fui fã, mas agora eu odeio). E o bom papo daqueles de ficar horas falando sem parar e atropelando um ao outro, eu curto muito.  Com as redes sociais as pessoas estão ficando cada vez mais monossilábicas nas interações.  Mas quando eu descubro um comunicador pertinho, ai é felicidade total. Até no âmbito profissional as coisas mudaram demais, tudo tem que ser rápido, intempestivo e no grito.  Ops! Descobri o porquê de tanto estresse sendo diagnosticado. Um bom papo ajuda muito, mas é mais fácil ser superficial.  Aprofundar relacionamentos carece de investimento de tempo e cada um parece estar dizendo eu não tenho tempo para investir. Que pena!

E com cada um correndo de um lado para outro, como ser criativo e inovador? É o poeta já dizia que “a inspiração é uma luz que chega de repente”. Mas com tanta correria não sei se alguém consegue perceber tão ilustre presença. Por isso na contramão dos dias de hoje sempre que posso me dedico ao ócio produtivo, que pra mim é o refúgio do não ter o que fazer. Nesses momentos posso pegar meus famosos cadernos e escrever livremente meus pensamentos, sem a necessidade de que dali saia algo formatado para publicação ou eu tenha que entregar a alguém para ler. É simplesmente a presença da inspiração.

Outro momento na contramão da correria, estão as minhas viagens de lazer, sempre me organizo para os momentos de espera nas salas de embarque.  Enquanto a maioria grita com os funcionários das linhas aéreas eu sento e leio um bom livro, organizo a agenda, escrevo e posto material na internet.  Salas de embarque não me estressam se eu conseguir um cantinho para sentar e aproveitar esse tempo. E a viagem para ser perfeita tem que ter a agenda livre.  Viagens com programação extensa me deixam angustiada. Minhas programações precisam ser bem espaçadas e eu preciso conseguir me alimentar devagar.

Alguns dados publicados pela Omit, Hospital Sí­rio-Libanês, SulAmérica, MedRio e Mercer.  Essas empresas que atuam no ramo de benefí­cios, planos de saúde e seguros analisando os dados coletados no decorrer dos últimos anos constataram um quadro preocupante.  Isso porque com o ritmo acelerado de trabalho e exigências constantes, os profissionais estão cada vez mais sedentários e com ní­vel de estresse muito altos.

As consequências são visí­veis no número de obesos, hipertensos e diabéticos que encontramos. E por mais que se fale sobre hábitos saudáveis na TV, rádios e nas empresas, as pessoas não estão conseguindo incorporar a sua rotina hábitos mais saudáveis. Dormir mal, se alimentar mal e não conseguirem ter uma vida fora do trabalho viraram parte do dia a dia corporativo.  Nos executivos o í­ndice de stress é de 70% e a fadiga 15%, segundo o Dr. Gilberto Ururahy, da MedRio Check-up.

Dizem que a tecnologia tem um impacto significativo nesses índices já que as pessoas não se desligam de suas atividades, os colegas para falarem uns com os outros não precisam mais se deslocarem até a mesa deles e que todas as pessoas podem fazer suas atividades com mais produtividade de onde estiverem sem que as variáveis tempo e espaço sejam limites. Isso é uma bola de neve, que gera cada vez mais pressão.

Os dados que me preocuparam especialmente, foram dos problemas e doenças entre executivos na minha faixa etária, média de 40 anos. Lá vai:

  • 25% deles já possuem risco moderado de infarto;
  • De 40% a 63% são sedentários;
  • De 31,7% a 37% sofrem com o estresse;
  • 18,2% sofrem de ansiedade;
  • De 11% a 50% colesterol;
  • De 8% a 17,6% obesidade;
  • 7% são diabéticos;
  • De 6% a 10% têm insônia;
  • De 20% a 27% hipertensão;
  • De 10% a 18% estão com gastrite;
  • 8% com quadro de depressão; e
  • 95,5% têm má alimentação.

Eu sei que não é fácil conciliar tudo, eu mesmo tenho muitas das dificuldades de um profissional na ativa. São muitos projetos, cobranças, equipe reduzida, verba restrita, metas desafiadoras e prazos definidos.  Mas temos de tentar mudar esse quadro com ações simples no nosso dia a dia.  E a principal delas começa com a alimentação, o que você anda ingerindo por ai? Eu cada dia mais tenho cortado alguns alimentos da minha dieta regular e os benefí­cios são muitos. Nada de ficar paranoico, comece reduzindo a quantidade de refrigerantes, doces e frituras.

Não gosta de exercí­cios fí­sicos em academias, que tal apenas deixar o carro na garagem e caminhar parte do seu trajeto e no outro se você morar longe, use o transporte público.  Mas se você tem animo, que tal fazer todo o trajeto a pé.  No trabalho além de dividir as tarefas e aprender a falar não, algumas vezes ficar um pouco mais do tempo regulamentar é comum.  Então que tal compensar isso com um final de semana de qualidade, com poucos compromissos e priorizando a interação com os entes queridos. Se for possí­vel numa atividade ao ar livre, assim você pode aproveitar para tomar um sol.

Espero que você agora entenda o que o seu corpo anda te falando. É preciso conciliar vida pessoal e profissional. Viva bem, viva mais!


Renata V. Lopes

Atua há mais de 25 anos na área de Tecnologia da Informação com gerenciamento de projetos e equipes multidisciplinares, em grandes empresas como Grupo Gerdau, Lojas Renner, Hewlett-Packard, Rio2016 e Grupo Guanabara. Master coach, leitora compulsiva, blogueira, apaixonada por redes sociais e estudante em constante desenvolvimento, acredita na cooperação, colaboração e compartilhamento do conhecimento como forma de aprendizado.

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