co projeto. E lendo as vagas nos sites de recrutamento & seleção, fico pasma que em alguns lugares ele ainda precisa programar em Java, HTML, .NET, Angular, saber banco de dados SQL, Oracle, PostgreSQL, dominar o Office, saber power BI, R e por ai vai.
São mais de 25 anos em TI e já perdi a conta de projetos que participei, tanto aqueles que levavam alguns meses, quanto maiores de 1 ano. Os desafios são muitos para a pessoa responsável pelo sucesso do projeto e sempre recebo pedidos para mentoria de profissionais de TI com suas dúvidas e queixas sobre o tema.
Um gerente, coordenador ou analista de projeto ou o nome que se queira dar na organização, pode até ter um background técnico. Mas ele tem tanta coisa para fazer num projeto, que o que ele menos vai fazer é colocar a mão em tecnologia que não seja o sistema de gestão de projeto.
Gerenciar a equipe, o cronograma e o orçamento podem parecer pouco lendo assim, mas pense o seguinte. Quando ele começa a planejar o projeto, tudo vem de um escopo inicial, de uma ideia que virou um projeto, se ele não conseguir definir bem e depois de iniciado descobrir que o prazo está errado é sua responsabilidade.
O gerente de projeto precisa entender bem o escopo, objetivos, riscos, time, orçamento e recursos que possui para gerenciar o projeto. E tudo isso a partir de um termo de abertura de projeto, que em muitos casos é totalmente estruturado de uma ideia.
Uma situação particular que já passei, é de ter na empresa o projeto registrado por diferentes áreas com nomes diferentes e com a mesma finalidade. Cada uma conseguiu aprovação de budget e provisionou em seu orçamento, mas nem se deu conta de que aquele projeto impactava mais algumas áreas e, portanto, não houve conversa inicial para se consolidar orçamento e esforço.
Então além de tudo o que já falei dos papéis do Gerente de Projetos , é importante a visão holística sobre o negócio em que se atua. Está certo que o GP não faz em muitos casos, tudo sozinho, mas ele é o responsável de fazer a engrenagem funcionar. Meus alunos da pós-graduação sempre perguntam, professora como fazer funcionar e a resposta é muito papo. Além das reuniões de equipe, você precisa manter comunicação com todos os stakeholders, que possuem interesses contraditórios as vezes.
O time operacional, com designer, desenvolvedor, analista de negócios deseja ter seus trabalhos atribuídos de forma equilibrada e dentro do seu perfil. E o Gerente de Projetos espera deles que as tarefas sejam entregues no orçamento, qualidade e preço acordado.
Para que tudo flua bem o GP precisa identificar, documentar e gerenciar qualquer incidente, mudança de escopo, risco ou problema. Então ser organizado, orientado ao processo e capaz de controlar múltiplas tarefas com raciocínio lógico é fundamental. Já que terá de disseminar de forma proativa as informações do projeto para todas as partes interessadas.
Autodisciplina e capacidade analítica para tratar causas e efeitos, definir métricas de progressão, qualidade e entregas. E novamente assumindo a responsabilidade se algo sair do rumo, como um erro de estimativa, má compreensão sobre as entregas, má comunicação etc.
Enfim tudo isso é para tentar entender, porque o Gerente de Projetos tem que ter tantas tecnologias como parte do currículo, quando ele mal tem tempo para manter tudo documentado. Será que as descrições de perfil e expectativas não estão erradas? Será que a empresa entende o papel do GP? Será que a empresa está tentando juntar funções?
Tanto os profissionais de RH quanto os de TI precisam avaliar bem essas posições. Pois o GP com certeza não vai conseguir ser os dois com qualidade. Poderá se sentir esgotado e desmotivado. Esse é o momento de reavaliar o que se precisa realmente do profissional que está sendo requisitado para ser um GP e captar bons profissionais.
Faz sentido para você também? Como tem sido sua experiência?