ToxicosEstou sempre ouvindo falar de chefes tóxicos. Outro dia numa roda de amigos, todos tínhamos uma história para compartilhar.  Os profissionais tóxicos estão em todos os ní­veis das organizações e são bem fáceis de serem identificados. Mas nem sempre são simples de serem tratados.

Vou tentar colocar aqui minhas observações sobre alguns perfis que podemos encontrar por aí­:

Preguiçoso – Esse é o profissional da lei do menor esforço. Tem aversão ao trabalho, é desleixado e negligencia as tarefas pelas quais é responsável. Procrastinar é sua principal caracterí­stica. Pensar em novas soluções, otimização de processos e aumento de produtividade são habilidades que não fazem parte do seu perfil. Mudanças dão trabalho demais e não vê razão em mudar nada o que ele faz desde que começou na empresa. A grande verdade desse profissional é que para ele alguém tem de pensar, decidir e fazer, pois sua criatividade é nula.

O problema desse tipo de profissional preguiçoso é que o trabalho sobra para a equipe, que fica irritada e sobrecarregada. E consequentemente o resultado é afetado, bem como o clima dentro do time.

Avarento – Eu tenho um apelido para esse profissional “gavetão”, acumula conhecimento e retém informações importantes.  Compartilhar não é seu verbo preferido. Geralmente um cara econômico em elogios, demonstrar emoções e seu comportamento sempre é defensivo. Tenta passar segurança e controle com sua fisionomia fechada, o que acaba afastando seus colegas.  O que na realidade ele acha ótimo, pois seu único objetivo é o seu próprio sucesso e segurança financeira. É as vezes o último a sair, pois por não compartilhar informações só ele sabe fazer determinada operação.  

Particularmente já tive a oportunidade de conhecer um desses, o triste mesmo foi descobrir que o que ele fazia era tão simples que depois que aprendi ensinei a mais quatro pessoas do time.  E suas desculpas para fazer horas extras caí­ram por terra. Engraçado agora de lembrar, mas na época foi muito desgastante para todos os envolvidos.

Sedutores – Sabe aquele profissional que acredita que a empresa é como um barzinho. E o jogo de sedução rola solto. É comum que no ambiente onde se convive tantas horas do dia, o clima e a proximidade favoreçam o surgimento de casais.  Até esse ponto é uma situação corriqueira até, mas o problema é quando o comportamento de sedução ocorre como forma de tirar vantagem da situação. Decotes ousados, camisetas “mamãe tô forte” e coisas desse tipo não pegam bem para a imagem profissional. Nem da pessoa mais bonita e sarada da face da terra. Jogos afetivos para tirar vantagem de uma posição não rola, quando ocorre entre chefe e subordinado pode ocorrer o assédio sexual.

Um caso que ocorreu há muitos anos, era o dia da festa de final de ano da empresa e uma das funcionárias resolveu ir trabalhar com um short de paetê.  O diretor da área a mandou ligar para o marido levar outra roupa, enquanto ela esperava no banheiro para se trocar.  Imagina que situação delicada. Por via das dúvidas recato seja em qualquer ocasião.

Compulsivos – O profissional que trabalha de forma alucinante, se entupindo de atividades e projetos, sedento por novas funções e desafios sem nem ao menos concluir as que conquistou inicialmente. A compulsão é pelo simples ví­cio de conquistar a tarefa, mas na realidade o prazer de trabalhar e entregar resultados não existe mais. A compulsão pode ser detectada ainda no volume de livros e cursos que fazem sem aplicar nada na empresa.
Não adianta pegar muitas tarefas se não vai conseguir cumprir, pois a expectativa é gerada e compromissos firmados. Quando no final o resultado não é entregue fica a frustração e a péssima imagem do profissional junto ao time.

Invejosos – Sabe aquele profissional que fica incomodado quando um colega que tem sucesso em algum projeto ou é elogiado?  E quando alguém se dá mal fica contente? É assim que funciona a dinâmica do invejoso. Ele acredita não ter pessoa melhor do que ele próprio.  Se parassem por aí­ até não seriam tão tóxicos, a grande questão é quando os mesmos elaboram armadilhas com o objetivo de sabotarem seus “colegas”. Gestores também podem ser invejosos ao sabotarem uma apresentação de um subordinado com medo de ser ultrapassado ou ainda encararem os demais departamentos como inimigos, fazendo do ambiente um campo de batalha.

Bem nem preciso dizer a quantidade de histórias que conheço de profissionais que agem assim. É triste realmente ver que a energia gasta para prejudicar os outros poderia ser canalizada para a obtenção de um resultado melhor dele mesmo.

Soberbos – Esse tipo de profissional é complicado, nunca nada fica bom se não for ele mesmo que fez. Ninguém está a altura de fazer suas tarefas.  Sempre preocupado com sua imagem, em demonstrar poder e status. O triste é que a pessoa assim tem uma percepção além da realidade sobre sua imagem, supervalorizando aspectos que são corriqueiros e até ruins. Se a posição do profissional for hierarquicamente maior que a sua, menos noção da realidade terá.

Infelizmente já presenciei cenas bem desagradáveis de profissionais que se achavam superiores a outros apenas pela descrição dos cargos. Uma funcionária simples em suas vestimentas e postura, que fazia os fechamentos dos relatórios de viagem do departamento antes do envio para reembolso, foi abordada por um trainee da gerência. Ele ao invés de preparar seu relatório, decidiu que a funcionária do fechamento deveria fazer para ele. Então juntou todas as notas de despesas e deixou na mesa dela.

Quando ela foi a mesa dele devolver e solicitar o relatório conforme o padrão da empresa. O trainee cheio de razão resolveu pagar geral para a funcionária que seu tempo era caro demais para ficar preenchendo relatórios de despesas e colando as notinhas, que ela fizesse isso. Essa situação além de se desenvolver na frente de toda a equipe. Ainda foi presenciada pelo diretor da área que também tinha que preparar seus próprios relatórios. No final da história tivemos um trainee com sua imagem manchada por se achar bom demais para esse tipo de atividade.

Descontrolados – Esse tipo de profissional é complicado demais de lidar, e não falo das desavenças e conflitos de ideias não. Falo de descontrole ligado à ira e a raiva. Se for por algo que alguém fez, volta-se contra a pessoa e manifesta-se com ofensas e humilhações. Se não concorda com alguma regra ou polí­tica da empresa, destrói o patrimônio (equipamentos ou móveis).

Um gerente resolveu usar sua autoridade hierárquica e pressionar os profissionais a entregarem uma solução que estava contra os padrões de qualidade definidos. Foi alertado de que poderia impactar todo o ambiente produtivo, mas não teve jeito. Apesar de todos os alertas, estava lá a equipe se vendo obrigada a fazer uma transação arriscada.  No final do processo à meia-noite estava a equipe inteira correndo atrás, pois os sistemas todos foram impactados.  E o tal gerente resolve sapatear e jogar um celular no chão como criança birrenta. A equipe se olhou e deixou o sujeito sozinho. Foi uma cena deprimente para quem assistiu.

É temos que estar atentos para não cairmos em nenhum desses perfis. Se cada um se preocupar em ser um bom profissional, conseguiremos exterminar esses perfis tóxicos.


Renata V. Lopes

Atua há mais de 25 anos na área de Tecnologia da Informação com gerenciamento de projetos e equipes multidisciplinares, em grandes empresas como Grupo Gerdau, Lojas Renner, Hewlett-Packard, Rio2016 e Grupo Guanabara. Master coach, leitora compulsiva, blogueira, apaixonada por redes sociais e estudante em constante desenvolvimento, acredita na cooperação, colaboração e compartilhamento do conhecimento como forma de aprendizado.

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