equipeAcho essa palavra maravilhosa, ela é muito positiva e inspiradora, outro dia estava pensando nela e comecei a descrever um pouco do que ela me transmite e cheguei à palavra “ENTROSAMENTO”.  Observando um casal próximo a mim, reparei na troca de olhares que se seguiram.  Sem dizer muito, talvez pelo local onde estivéssemos – um avião, ele estavam ali próximos sem falar alto, sem muito gesticular, mas com uma troca de olhares que só casais muito apaixonados são capazes de trocar.  Tudo em torno deles fluía com muita naturalidade e cumplicidade.

Numa equipe de alta performance é possível observar como o trabalho flui de maneira muito natural, o entrosamento acontece exatamente por cada um saber o seu papel e como complementar seu time através das suas responsabilidades.  No entrosamento notamos outra palavra “COMPROMETIMENTO”.  Sim o comprometimento das pessoas num time que funciona é assim, as pessoas se sentem bem no grupo, sentem que realmente fazem parte da equipe e podem contar umas com as outras para o que der e vier.

Uma equipe que conheci e com a qual tive o imenso prazer de trabalhar, vivenciei esse tão sonhado engajamento.  Observei, porém que isso não ocorria nas empresas onde as regras de conduta são rígidas, mas naquelas em que o respeito era valorizado em todos os níveis inclusive os pontos de divergência.  O clima das reuniões com essa equipe era acalorado.  Para quem chegava para uma reunião conosco pela primeira vez até se assustava, pois éramos aguerridos em nossas posições.  Ao chegarmos à decisão por onde seguir, uma coisa era louvável com esse time, ninguém voltava atrás e/ou ficava jogando contra.

O tempo e o contratempo sempre existiram nos projetos, mas não nos importava o vento contrário, ali estava um time de profissionais comprometidos com o resultado e não havia desvio de foco, “lavávamos a roupa suja dentro de casa” e íamos em frente.  Se a tarefa de um colega atrasava, o outro estava ali para ajudar.  Cada um tinha o seu papel, mas nunca precisávamos implorar por ajuda. Um sabia da necessidade do outro e estava disposto a fazer um pouco a mais pelo colega ao lado.  Em outras experiências ao longo de mais de 20 anos de vida profissional, me pergunto se tantas regras relacionais estabelecidas e a polidez excessiva faz bem ao crescimento das equipes.  É um contrassenso talvez a reflexão que faço aqui, mas ainda acredito na sinceridade mesmo quando dói.

Na intenção de manter um clima organizacional harmonioso e na intenção positiva de evitar conflitos será que não estamos mascarando a verdade e por isso mesmo o engajamento dos times está cada vez mais difícil de ser alcançado.  Sim, pois a defesa das ideias de uma pessoa mais passional passa muitas vezes a ser interpretada como uma rebeldia ou desobediência, e na realidade é dessas ideias contrarias e das discussões aguerridas que observei projetos maravilhosos saírem.  Além de ver profissionais muito mais comprometidos e entrosados atuando.

Não faço aqui qualquer apologia aos rebeldes sem causa, aos quais costumo chamar de rebeldes sem calça (ainda usam short, pois são meninos).  Mas dos profissionais que embasados em conhecimentos técnicos e experiência defendem ideias e opiniões.  Algumas pessoas não deveriam nem fazer parte de uma equipe, pois não possuem nenhuma habilidade de comunicação e interação, os prolixos e os que adoram “dar letrinhas” que também não acrescentam em nada.  Tirando os extremos de cada comportamento, uma coisa eu sei que time “screen saver” que na frente do chefe é uma coisa e no background age de forma contrária, nunca alcançará um entrosamento que gere realmente engajamento.

O meu ponto de vista é que engajamento começa quando o time não tem reservas para falar o que pensa, discutem ideias, planos, projetos e soluções.  E quando saem das reuniões não sentem necessidade de falar com um ou outro em paralelo, pois tudo o que tinha de ser dito, foi dito ali na sala, entre quatro paredes e ali ficou.  Podem se encontrar fora dali e agirem como colegas de verdade, sem politicagem e jogo de influência.  Engajamento começa com a construção de uma relação verdadeira entre os membros do time e ocorre de forma espontânea.  Acordar um dia e decidir formar um time engajado vai necessitar de muitas horas de investimento.  E sabe o que é mais gostoso, mesmo quando você deixa de fazer parte da empresa, ainda vais fazer parte do time, esteja você onde estiver.


Renata V. Lopes

Atua há mais de 25 anos na área de Tecnologia da Informação com gerenciamento de projetos e equipes multidisciplinares, em grandes empresas como Grupo Gerdau, Lojas Renner, Hewlett-Packard, Rio2016 e Grupo Guanabara. Master coach, leitora compulsiva, blogueira, apaixonada por redes sociais e estudante em constante desenvolvimento, acredita na cooperação, colaboração e compartilhamento do conhecimento como forma de aprendizado.

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