Alguns clientes ficam brincando que as vezes eu dou um nó na cabeça deles com meus Por quês, durante as sessões.  Por uma questão muito simples eu os uso. Quero chegar na causa raiz dos seus problemas ou questões.

Muitas vezes não tiramos um tempo no meio da rotina corrida para analisar a fundo determinadas situações que enfrentamos. Agimos de forma superficial e daqui a pouco surge a mesma situação em nossa vida. Para ilustrar o que estou falando, quero compartilhar uma história que ouvi na aula de Gestão da Qualidade e acredito que deveria fazer parte da aula de Gestão da Vida.

Um gerente de uma fábrica caminha pela linha de montagem e nota uma poça de água no chão. Sabendo que a água é um risco à segurança, ele pede ao supervisor para que providencie alguém para secar a poça. O gerente da fábrica fica orgulhoso de si mesmo por resolver um problema potencial de segurança.

Entretanto, o supervisor fica preocupado. Ele não sabe por que a poça de água está lá. Ela não estava lá ontem. Ele quer saber o que causou aquela poça de água lá. Consequentemente, ele busca a causa da raiz do problema perguntando “por que”? Ele descobre que a poça de água foi causada por um vazamento de cano. Ele pergunta “por que” mais uma vez e descobre que o cano está vazando porque a água está com muita pressão.

Ele pergunta “por que” novamente e descobre que a válvula da pressão está defeituosa. Mais uma vez ele pergunta “por que” e desta vez não obtém mais resposta. Então, a válvula é substituída, o que resolve a causa da raiz do problema de água no chão da fábrica.

Se você tanto quanto eu, busca no âmbito pessoal quanto profissional excelência e qualidade, deve se preocupar em resolver os problemas e situações difíceis logo que eles surgem. Supor que eles serão resolvidos e sumirão sem que nada precise ser feito, raramente funciona. E como parar para fazer isso de forma estruturada.

No âmbito profissional me deparo com muitos profissionais aptos a colocarem processos simples de resolução de problemas em prática. Mas por que eles não o fazem em suas vidas pessoais também? O que pode ser utilizado para resolver um problema de chão de fábrica como na história acima, pode ser utilizado em outras situações.

Vejamos um passo a passo para que você possa identificar problemas e resolver de forma estruturada:

  1. Identifique o problema, situação ou sintoma. Descreva-o de forma clara para que tanto você quanto outros o compreendam de forma rápida.
  2. Identifique a causa raiz, fazendo o exercício dos Por quês que o supervisor fez na história acima. Algumas vezes você terá de usar outras técnicas e buscar apoio profissional na identificação. Mas tente explorar ao máximo as respostas para os Por quês.
  3. Determine alternativas para resolver o problema.
  4. Seleciona a melhor alternativa, levando em consideração custo e benefício. Planeje sua execução.
  5. Coloque em prática e valide a solução escolhida. Algumas vezes é preciso mais de uma ação para que o problema seja resolvido. E nesse caso é preciso voltar a analisar a causa raiz.

Simples e prático esse processo pode ser utilizado para as mais diversas situações. Mas então por que os clientes brincam que ele dá um nó na cabeça? É pelo velho hábito que temos de não nos aprofundarmos em resolver situações doloridas, pois mexer com elas vai trazer a tona sentimentos que queremos esquecer.

Quando nos sentimos feridos em nossas emoções, parar para pensar na solução nos fará pensar no problema e a tendência é não querer pensar. A música da Ana Gabriela fala um pouco dessa questão de certa forma.

É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido.

Mas voltando a causa raiz ela geralmente está camuflada por outros sintomas e situações. Quantas vezes me deparo com clientes que me procuram por um problema, mas a questão que o limita está enterrada em seu subconsciente. Seus resultados são visíveis na vida pessoal e profissional, mas ele não consegue perceber a raiz de tudo.

Como coach tenho de ser o supervisor que questiona, analisa e busca junto com o cliente as respostas que descortinarão o problema e nos darão caminhos de solução. Para uma transformação plena cinco ingredientes são importantes por parte do cliente:

  • Desejo (a necessidade de fazer)
  • Conhecimento (o que é preciso fazer)
  • Habilidade (como é preciso fazer)
  • Ação (fazer o que é preciso fazer)
  • Persistência (continuar fazendo o que é preciso fazer)

Meu desejo é que com essa reflexão você possa analisar melhor seus problemas e resolve-los de forma mais eficiente e eficaz. A causa raiz nem sempre é fácil de se encontrar, mas é possível, então mãos a obra.


Renata V. Lopes

Atua há mais de 25 anos na área de Tecnologia da Informação com gerenciamento de projetos e equipes multidisciplinares, em grandes empresas como Grupo Gerdau, Lojas Renner, Hewlett-Packard, Rio2016 e Grupo Guanabara. Master coach, leitora compulsiva, blogueira, apaixonada por redes sociais e estudante em constante desenvolvimento, acredita na cooperação, colaboração e compartilhamento do conhecimento como forma de aprendizado.

error: Conteúdo Protegido!